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Profª Sílvia

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domingo, 28 de novembro de 2010

Leia: A Escrita e a Leitura no Hipertexto

Car@s profissionais da educação, gostaria de compartilhar esta alegria com vocês, de ver meu texto publicado em um jornal. Estou sentindo o sabor do que é ser autor(a). Acredito que esse é o caminho para multiplicarmos ideias e saberes em todo o mundo. E Mato Grosso faz parte desse mundo!


Ano 8 - Nº 193-26/11/2010


Olá gestores e educadores,

Há muitos anos, docentes de todo o Brasil recebem o Jornal Virtual, assim como enviam seus comentários e textos para a nossa redação. E é com muita satisfação que apresentamos no JV de hoje o artigo da professora Sílvia Figueiredo de Sousa, do Mato Grosso. Formada em Tecnologia Educacional, ela afirma: “a internet tem levado as pessoas a lerem mais e a usarem mais a escrita”. Você concorda com ela?


Boa leitura!

A escrita e a leitura no hipertexto

O surgimento e a rápida disseminação dos computadores pessoais estão transformando, em um processo acelerado, nossos modos de produção e de leitura de textos. A expressão computer literacy esconde mais do que explicita: grande parte da população, supostamente letrada, é iletrada com relação a essa nova tecnologia.
O que podemos fazer com os que nem chegaram ao livro impresso? Com o aparecimento dos computadores, o abismo que já separava os não-alfabetizados dos alfabetizados ampliou-se ainda mais. Alguns nem mesmo chegaram aos jornais, aos livros e às bibliotecas, enquanto outros correm atrás de hipertextos, de correio eletrônico e de páginas virtuais de livros inexistentes. Que desafio representa isto para a educação pública? De que alfabetização falamos em termos escolares? Nas salas de aula de agora estão os cidadãos do século 21. Será que estamos preparando-os para a alfabetização do próximo século ou para a do século 19?
O texto produzido e difundido digitalmente coloca em discussão muitos preceitos sobre a boa leitura e escrita que foram perpetuadas pela escola. Segundo David Reinking, pesquisador conhecido por seus trabalhos na investigação de como a alfabetização é afetada por formas digitais de leitura e escrita, a leitura e a escrita eletrônica dão ao processo de alfabetização uma dimensão nova. A concepção que temos da leitura e da escrita está subordinada à natureza física e visual do meio em que elas se desenvolvem. Para a nossa cultura, o espaço natural do texto escrito é a página impressa; nela, a escrita é estável e controlada, de modo exclusivo, pelo autor. Em compensação, o espaço oferecido pelo livro eletrônico é mais fluido e dinâmico, permite uma maior transitoriedade e mutabilidade ao texto, reduz a distância que separa o escritor do leitor e possibilita sua interação. Segundo Bolter e Landow, este novo modelo de espaço textual facilitará o surgimento de outros estilos de escrita, de novas teorias literárias e de novas estratégias didáticas para a leitura e para a escrita.
Pode-se dizer que o hipertexto e os recursos multimídia permitem que o aluno experimente o conhecimento de uma maneira que seria impossível com as fontes tradicionais de referência. Assim, a curiosidade e imaginação do aluno transformam-se em um poderoso dispositivo a serviço de uma aprendizagem mais criativa e autônoma. Pois, ao navegar nos nodos (termo que significa “nó”, representa cada ponto de interconexão com uma estrutura ou rede) do hipertexto, o leitor vai criando suas próprias opções e trajetórias de leitura; experimentando o texto e modificando seu conteúdo. Sendo assim, a linearidade proposta pelo livro tradicional dá espaço dinâmico à escrita e leitura não sequencial. Além disso, no hipertexto, a distinção entre autor e leitor não é tão clara. Ele concede ao leitor certas funções de autoria: a possibilidade de agregar nodos, criar conexões, utilizar filtros, etc. O papel do autor vai além da simples escrita: pode assumir a apresentação e o projeto do livro, criar gráficos, produzir animações, vídeos, efeitos sonoros, fotografias ou textos orais, e determinar as diversas ações do programa.
A internet tem levado as pessoas a lerem mais e a usarem mais a escrita. Dessa forma, muitos internautas têm ficado mais habilidosos no manuseio e na criação de formas específicas de lidar com a língua: nova ortografia, neologismos, escrita com traços orais e semialfabética, onomatopeia, etc. Tudo isso tem preocupado a sociedade em geral e, mais especificamente, os professores de língua materna. A questão é: a escrita utilizada principalmente pelos adolescentes nos e-mails, salas de bate-papo e agora nos weblogs e orkut prejudica a aprendizagem da escrita na escola?
Segundo Antônio Carlos Xavier – doutor em Linguística pela Unicamp e mestre em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde ministra aulas na graduação e pós-graduação – a internet exige a prática da leitura e estimula a escrita por promover a liberdade de expressão entre seus usuários. A escola deve aproveitar a competência comunicativa dos adolescentes que usam bem os gêneros digitais disponíveis na rede virtual, para transformá-los em bons produtores de gêneros textuais valorizados na sala de aula e no mundo real.
Portanto, a internet tem muito a contribuir na formação intelectual e linguística dos seus usuários, pois tende a fazer deles vorazes leitores e autores de textos sejam verbais, visuais, sonoros ou hipertextuais, habilidades que a escola e suas milenares ferramentas pedagógicas têm conseguido com muita dificuldade.

Texto de Sílvia Figueiredo de Sousa enviado ao Jornal Virtual. Sílvia é professora formadora em Tecnologia Educacional, da Secretaria de Estado de Educação/MT. Graduada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista em Psicopedagogia. Concluinte do curso de Pós-Graduação em Tecnologia Educacional pela PUC/Rio e tutora da Educação a Distância no curso “Mídias na Educação”.
E-mail: figsilvia@hotmail.com


Boa leitura!

Mariana Branco
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2 comentários:

  1. Parabéns Silvia pela excelente matéria!
    Aprendi muito contigo e continuo aprendendo. Acredito tambem que a internet tem levado as pessoas a lerem mais e a usarem mais a escrita. Trabalho na EESFM e estamos adaptando ao currículo essas novas formas de ler e escrever. Temos que modificar essas práticas elas são um verdadeiro desafio, que implica em inovações. Só assim conseguiremos excluir as propostas pedagógicas conservadoras.
    Sucesso em sua caminhada!
    Profª Eliete Lopes

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  2. Parabéns Silvia, que este seja apenas o primeiro de muitos...
    Beijos
    Neusa Maria

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