Aperte o Play e comece a ensinar
Os videogames começam a ser inseridos em sala de aula como ferramenta de ensino-aprendizagem. Saiba como adotar essa inovação
Na prática
A adesão de videogames no processo ensino-aprendizagem pode ser feita por qualquer educador, desde que as metas e os resultados esperados sejam mensurados antes do início da atividade. “Planejamento é fundamental. O professor é um estrategista e precisa articular bem o ensino da disciplina, os recursos que serão utilizados e a forma de avaliação. Sem dúvida, é necessário explorar pedagogicamente o potencial dessa ferramenta, porque ela já faz parte do universo dos alunos”, ressalta a pedagoga Maria Auxiliadora Soares Padilha, professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Para quem deseja utilizar jogos em sala de aula ou como atividade extraclasse, a dica é buscar os games na internet. O professor pode utilizar a ferramenta para ensinar a própria disciplina ou desenvolver, junto com outros professores, um planejamento interdisciplinar, de acordo com o jogo escolhido. Há possibilidade de uso desde a educação infantil até o ensino médio (veja quadro nesta matéria).
No geral, jogos de raciocínio e lógica têm apelo desafiador para qualquer idade. Mas é preciso observar o grau de dificuldade e adequação à realidade dos discentes. “Achar o jogo é somente uma parte do trabalho. Após encontrá-lo, é necessário analisar de que forma ele poderá ser útil, para quais conteúdos e como inseri-lo na prática pedagógica”, destaca o professor Maltempi. Ou seja, o professor precisa jogar para se ambientar com o novo mecanismo.
Também é preciso que as instituições de ensino tenham um laboratório de informática bem equipado, inclusive com equipamento multimídia. Para jogos on-line é essencial ter uma boa conexão. Já os softwares devem ser instalados e jogados em rede, o que permite a maior interação entre os alunos. Seja lá qual for o nível de utilização de videogames, o uso da ferramenta requer dos professores dedicação e vontade de inovar. “Há uma necessidade imensa e urgente de inovação. A ideia de que a brincadeira não é algo sério é equivocada. Basta ver a rigidez das regras que as crianças impõem em seus jogos para compreender que brincar é disciplinador, fator de desenvolvimento da responsabilidade e do respeito ao outro”, avalia o psicólogo Alfeu Marcatto.
Formação
A aplicação de videogames como instrumento no processo ensino-aprendizagem ainda está longe da realidade da maioria das escolas no Brasil. “Poucos professores se interessam pelo assunto por desconhecerem a ferramenta. Como não conhecem, é mais fácil se afastar dela”, opina o professor Ricardo Maurício.
Nas universidades, o tema também é pouco abordado. “Os pedagogos recém-formados não estão preparados para essa nova realidade. A discussão se resume a apenas uma disciplina relacionada com novas tecnologias, mas precisa haver a inclusão dessas novas mídias nas disciplinas gerais”, salienta a pedagoga Maria Auxiliadora Padilha. Para quem ainda está na academia, fala-se muito e se faz pouco. “A prática deixa muito a desejar. Às vezes, é preciso querer mudar. Há pessoas que optam por ficar com a didática que dê menos trabalho ao invés de optar pelo que seja mais eficaz no processo de aprendizagem”, comenta Fabiana Vilarim, que cursa o último período do curso de Pedagogia pela UFPE.
Os videogames são a fonte de diversão de grande parte dos adolescentes. Alguns chegam a passar horas na frente do computador. Outros optam apenas por um rápido passatempo. Mas não há dúvidas de que todos estão ambientados com jogos e utilizar essa ferramenta aproxima a educação da realidade dos estudantes. “A tecnologia faz com que eles prestem mais atenção na aula. O jogo, seja pelo computador ou pelo celular, torna mais fácil e prazerosa a tarefa de aprender”, enfatiza o professor de matemática da Escola Estadual Professor Ariano Vilar Suassuna, Luciano Alcântara.
Confira sugestões de jogos e como encontrá-los
• No site Quebra-cuca (www.gamesforthebrain.com) é possível encontrar jogos de raciocínio, lógica e percepção de conceitos de cores, sons, movimento, conjuntos e ordem. O jogo Dinheiro em Marte, por exemplo, serve para desenvolver a habilidade para somar e o conhecimento das diferentes formas geométricas. Caça-números também é indicado para o ensino da matemática. Já Qual é a bandeira? pode ser trabalhado com o conteúdo de geografia. O site oferece ainda jogos para o ensino da língua inglesa.
• Em Jogo Site (www.jogosite.com.br) há vários tipos de games on-line, inclusive nas modalidades infantil e de raciocínio. Torre de Hanói e Sudoku são os jogos mais conhecidos, já que também são utilizados fora do meio virtual. Soletrando e Roda a Roda oferecem a possibilidade de levar para a sala de aula as atrações conhecidas pela televisão. Genius, Blockout e Shove It são classificados como jogos de raciocínio.
• O site Racha-cuca (rachacuca.com.br) também dispõe de vários testes de raciocínio, entre eles Balox, Tijox e Kakuro. Calculadora Quebrada explora o conhecimento matemático.
• Existem ainda softwares que oferecem uma interação multidisciplinar. Um dos mais conhecidos é o Age of Empire, da Microsoft. Esse é um jogo de estratégia em que se controla a formação de uma civilização. O jogador pode escolher entre 12 civilizações – entre elas, a egípcia, a babilônica e a grega – e acompanhar a evolução ocorrida num período de 10 mil anos. Age of Mythology segue a mesma linha, mas enfatiza a mitologia que envolve as civilizações grega, egípcia e nórdica. Aspectos da história, geografia, literatura e matemática podem ser observados de acordo com a orientação dos professores.
• A Microsoft também lançou o Zôo Tycoon. O jogador, neste caso, precisa criar e administrar um zoológico, levando em consideração o perfil e as características de cada animal. O software inclui uma enciclopédia com todas as informações sobre os bichos do zoológico. Este é um prato cheio para os professores de matemática e biologia.
• O Grupo Positivo também tem softwares que unem a educação e o entretenimento. O jogo Onde está Carmen Sandiego? permite que o aluno “viaje” pelo mundo, a fim de desvendar um mistério e capturar a vilã, chefe de uma quadrilha criminosa que atua em vários países.0 Nestas viagens, os estudantes conhecem aspectos históricos e geográficos, além da cultura das diferentes nações que visitam.
• Outra indicação é Zoombinis - o Resgate da Montanha. O game explora conhecimentos matemáticos e raciocínio lógico para que o jogador chegue ao objetivo final: finalizar a jornada por uma misteriosa montanha e conseguir salvar os Zoombinis.
Texto de Priscila Conte (Priscila.conte@humanaeditorial.com.br)
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